Em cada época, de tempo em tempo, persiste um “mal” que pode durar por um século ou mais, são os conhecidos “mal do século”.

Atualmente, a depressão é uma constante na vida de várias pessoas, devido a diversos fatores que, para elencá-los, precisaríamos de vários dias de assunto para aprofundá-la. Então, deixemos para depois esse aprofundamento. No momento presente, é preciso apontar o que significa essa doença, as causas e os efeitos, os prejuízos que ela ocasiona e os meios de, pelo menos, minimizá-la.

A depressão é uma doença psiquiátrica, que é marcada, principalmente, pelo desânimo, pessimismo e sensação de tristeza profunda, não é apenas um estado de infelicidade que ocorre devido a um acontecimento ruim; muitas das vezes, ela surge sem indícios e explicações aparentes, o depressivo já está doente, mas qualquer infortúnio se torna um gatilho para ascendê-la, quando está omitida, ou piorá-la quando já havia dado sinais de estar presente em algum momento da vida, mas ninguém percebeu.

O prejudicado (doente) não consegue entender as próprias sensações, os medos, a falta de prazer pela vida e por si mesmo. Quem pertence ao convívio dele, geralmente, não se dá conta, não se atenta para o que realmente está acontecendo. E todo o cansaço, toda a vontade de não se levantar da cama e de não se alimentar, daquele que sofre de depressão, são os sintomas considerados, pelos seus pares, como mera preguiça. E é, então, quando ele passa por um processo de não ser entendido, e sofre, e se cala, e se entrega àquilo que o atormenta e o faz definhar lentamente. Quem pode ajudar? Como proporcionar um auxílio a esse ser em sofrimento? Falaremos um pouco mais a frente.

Nos dias de hoje, depois do avanço da tecnologia, da rapidez das informações, da globalização, da repetição das pestes, dos vírus e das doenças físicas, espirituais e mentais, a raça humana foi forçada a viver ansiosa, a comer mal, a dormir pouco e a viver estressada, e, na grande maioria das vezes, isso tudo acaba se refletindo no trabalho, porque este, além de ser o meio de sustento, relaxa, diminui o estresse, mas só funciona como uma fuga para um mal que ninguém deseja aceitar. E é nesse cenário que a depressão, a qual poderia ser minimizada com um simples chá de erva, acaba se tornando um problema sério de saúde, evoluindo para maus súbitos, infartos sem explicações ou até mesmo suicídios.

Então, vamos sair da “casinha” e “focar” no “trabalho”. O bicho homem é o animal selvagem em eterna evolução, que modificou e modifica a língua, criou os códigos linguísticos, empreende, constrói prédios, produz outros “homens”, mas ainda não aprendeu a tratar o próprio semelhante. Logo, ele se entristece, e se deprime. Enquanto a “deprê” é só uma tristeza boba, tudo bem! Mas, quando se torna uma mazela real, a sensibilidade se impõe, porque se a escuta trabalhada for usada e o julgamento e a condenação forem deixados em segundo plano, é possível salvarmos vidas. Por isso, precisamos ser promotores da saúde mental, independente de nossa formação, só necessitamos ter o tato para entender a situação.

Para minimizar os casos de depressão no trabalho e na vida, não é preciso ser psicólogo, nem especialista; basta prestar atenção naqueles que sofrem, que mostram diferenças de comportamento, pode não ser nada, algumas vezes; mas, se for, uma atitude empática pode fazer a diferença nesse problema que é muito sério. Observe se eles têm marcas de mutilação, analisem as mudanças abruptas, respeitem o espaço, deite ao lado deles quando não quiserem falar, medite com eles; nem sempre, eles concordam em fazer terapia, então, não há nada melhor do que eles se sentirem em um lugar comum: com você que os acolhe. Seja a diferença na vida de quem há tanto tempo se sentiu sozinho porque não soube procurar por ajuda.

Gabriela Gonçalves

Psicóloga

CRP 59516